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Esperar por horas em um consultório, explicar mais de três vezes a mesma coisa, esperar uma resposta muito importante de uma pessoa que não está muito interessada em ajudar… todas essas situações pedem algo em comum: paciência. Mas em um contexto que nos exige cada vez mais rapidez, como exercitar a capacidade de ser mais paciente?
Muitas vezes considerada uma virtude, a paciência é um atributo complexo do comportamento humano. A interpretação e a prática variam de acordo com contextos sociais, profissionais, educacionais e familiares.
“A paciência como virtude é elemento importante nas experiências dos indivíduos, por ser considerada uma qualidade admirável, principalmente quando testada em situações de conflito, frustração e incerteza”, diz o psicanalista Jorge Guedes.
Para além da virtude em um cenário muito marcado pela rapidez das informações, a paciência ganhou um contorno de grande importância nas relações interpessoais, na saúde mental, nas reações emocionais e na sensibilidade humana. Por isso, o que a paciência revela sobre cada um pode variar bastante.
“Ser paciente não é só saber esperar. É como você escolhe se comportar enquanto espera. A paciência revela sua maturidade emocional, o seu autocontrole, e até o quanto você confia no tempo das coisas”, afirma a psicóloga clínica e neuropsicóloga Sandra Gabriele.
Apesar de parecer abstrata, na verdade, a paciência é moldada por dois fatores bem conhecidos: traços de personalidade e experiências, que combinados ao longo da vida formam habilidades para lidar com frustrações e expectativas.
Enquanto algumas pessoas possuem um temperamento mais calmo e menos impulsivo, o que facilita nos momentos em que a paciência é necessária, há também aquelas de natureza mais reativa e expressiva.
O comportamento paciente pode ser aprendido por meio de experiências de vida em ambientes seguros. Pessoas que viveram muitas frustrações, cobranças ou instabilidade emocionais, por exemplo, têm mais dificuldade em esperar.
“Dentro da terapia cognitivo-comportamental, entendemos que um comportamento, como a paciência, não é só o jeito que a pessoa é, mas também a forma que ela interpreta e reage ao ambiente que está inserida. Mas, claro, uma pessoa que é mais paciente tende a ter mais estratégias de regulação emocional e de enxergar as coisas de uma forma mais flexível”, explica a neuropsicóloga Bruna Vitorelli.
Não ter “nascido” paciente não é um impedimento. Afinal, além da área comportamental, a paciência também é uma habilidade emocional. Por isso, pode ser desenvolvida, treinada e aperfeiçoada.
“Personalidade e comportamento aprendido não se excluem. Você pode ser de um jeito e também pode carregar uma bagagem de coisas que te ensinaram ou que você viu acontecer. Temos a capacidade de escolher formas novas de agir diante dos desafios que vão aparecer na nossa vida.”
A neuroplasticidade cerebral permite que o cérebro se adapte e aprenda coisas novas a partir da reorganização das conexões neurais. Isso ocorre em resposta a estímulos interiores e exteriores. Para ser uma pessoa mais paciente é importante fortalecer essas conexões neurais por meio da prática da… paciência.
É redundante, mas não tem outro jeito. As situações que exigem esse comportamento são as mesmas que vão ajudar o cérebro a criar caminhos neurais associados à paciência.
“Pratique pequenas esperas do dia a dia como treino. Reeduque seus pensamentos trocando frases de frustração por afirmações mais calmas e realistas. Entenda a raiz da impaciência Pergunte-se o que está por trás da pressa: medo? controle? insegurança? Confie no processo”, indica Sandra.
Bruna cita ferramentas oferecidas durante um processo de terapia com abordagem cognitivo-comportamental: reestruturação cognitiva (identificar e modificar padrões de pensamento disfuncionais), treinos de atenção plena, práticas de autorreflexão e treinos de tolerância do desconforto.
“A ideia é que você reconheça os pensamentos automáticos que levam ao comportamento impulsivo. E, aí sim, é possível construir respostas mais conscientes”, explica.
O psicanalista Jorge Guedes aponta que o estudo da paciência aliado com a disciplina emocional pode formar bases para desenvolver autocompreensão e autocontrole.
“Assim, inicia o treinamento da paciência com a proposta da autorregulação emocional, permitindo que os indivíduos respondam a situações de estresse de maneira equilibrada. Com este treino e persistência, podem evitar reações impulsivas que comprometem a habilidade de dominar a ansiedade.”
Apesar de ser uma habilidade que pode ser desenvolvida e considerada uma virtude pelo seu valor emocional, a paciência deve ter limites.
“Ser paciente não é se anular. Não é tolerar tudo, nem suportar o insuportável em nome da calma. É sabedoria, mas também coragem de dizer: ‘É só até aqui.’ Porque paciência sem limite deixa de ser virtude e vira abandono de si”, diz Sandra.
Quando a situação ultrapassa a sua capacidade emocional de lidar com desafios da rotina e da vida, significa que há um grande risco de perder o controle da razão.
“Em ambientes que valorizam a gratificação e o imediatismo, os limites da paciência sempre estarão entrelaçados com os cenários da personalidade e situações que influenciam na capacidade dos indivíduos suportarem a pressão exercida sobre o fator cognitivo, psicológico e a provável perda da moderação emocional” explica Jorge.
Para identificar os momentos de perda de razão, é importante olhar para si mesmo e para seus sinais físicos: volume da voz, dentes pressionados, corpo tensionado, tremedeira, falta de clareza nos pensamentos. Todas essas são respostas impulsivas e imediatas que sinalizam que o limite foi atingido.
“O limite é quando você não enxerga mais com os olhos da razão, quando a emoção toma conta, quando você percebe que não está mais no controle daquela situação”, pontua Bruna.
Para evitar chegar nesse limite, é necessário reconhecer o que incomoda, o que sobrecarrega e o que é falta de respeito com você. Depois de um primeiro passo para dentro de si e de autocompreensão, é hora da comunicação assertiva e clara: explique seus limites em uma conversa sincera.
“Se expresse de forma assertiva, sem ser agressivo, mas também sem ser passivo demais e deixar que o outro passe por cima daquilo que é uma coisa importante para você”, diz Bruna.
Estabelecer combinados também pode ser importante em momentos que precisar de tempo para pensar, se acalmar, exercitar a paciência e evitar desgaste. Isso é uma forma de preservar vínculos e preservar a si mesmo.
Fonte: vidasimples
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